domingo, 8 de julho de 2018


“O amor é uma fonte inesgotável de reflexão, profunda como a eternidade, alta como o céu, vasta como o universo.”
Alfred de Vigny



Ode ao Amor

Fossem os rostos metades da mesma lua,
Fosse minha metade, meia corpulência que é Tua,
Fosse o Teu amor o nome da minha rua
E o par de dois o número da minha porta,

Fosse o teu sorriso melodia
E esse teu terno olhar um vislumbre
Do que os Deuses me pudessem ofertar, em deslumbre,
Dum coração que vive em contínua nostalgia,

Fossem todos os dias como os que estou contigo
E as ausências apenas inexistentes por não conseguir
Suportar, pois, a incerteza de não te ter comigo,
A dor e o medo de te ver partir e deixar de te sentir,

Fossem os abraços revividos, as palavras não caladas,
Fossem as cores reflexo e o Universo tamanho,
As músicas o sexo e a tua voz o meu sustento
Na certeza de nos termos em permanente alento,

Fossem estes, prenúncios do futuro,
Verdadeiras matrizes da profecia,
Melodias do encanto e da poesia
Como ter em mim o esplendor,
O sonho e a quimérica proficiência
De reinventar Contigo o verdadeiro amor...

Fosse tudo isto na sua essência,
Espasmos da verdade desejada,
Confirmação de uma realidade alcançada,
Factos como corpos desnudados
E ausência de efémeras palavras,
Tão somente o destino prenunciado,
Na convicção de ter-Te p'ra sempre
E eu saberia por certo amar-Te
Ontem, hoje e amanhã ou, na impossibilidade
De existir um infinito maior que o infinito,
Fosse, pelo menos, enquanto os deuses o quisessem.

E aquilo que hoje te declaro é grito,
Consistência e realidade germinadas de um mito
Que da inexistência se tornou permanência
E que se insiste, persiste e se reconstrói
Em cada detalhe teu, em cada detalhe meu,
No desejo infindável de que se fortaleça no seio
Do teu peito a mesma vontade e o mesmo anseio
Que do meu coração grita por "nós".

Assim, no défice de palavras que ficam por dizer,
Sinto poder dar-te a minha mão e pedir-te para comigo vir viver
Aquilo que hoje te declaro, com a força incomensurável,
Com a determinação e o respeito implacável,
A admiração e o orgulho que, por ti, em mim consegue existir.

Amo-te,


Afonso Arribança

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