domingo, 31 de maio de 2015


"(...) é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."
Oscar Wilde


    Tomara eu poder prescindir (...) do encargo da racionalidade que me foi enraizado na alma, e deixar-me levar, pelas correntes de afecto e inspiração que se apressuram na mente, para um lugar onde possa gritar, em plena rua, debaixo de um manto de chuva incessante, versos de amor e saudade.
Não obstante, as coisas que se amam e se sentem não devem nunca ser gritadas verbalmente. O produto escrito ou falado daquilo que se sente não passará nunca de uma réplica impostora, pequena e profana, da realidade. O que é um "adoro-te" ou um "amo-te" comparado com aquilo que realmente sentimos por determinadas pessoas? (...)

    Jamais as palavras, profanas e erróneas, poderão exprimir aqueles olhares sorridentes e desprovidos de intenção...
O suave toque da tua mão na minha;
Os abraços fortuitos dados no acaso do tempo.

Momentos e circunstâncias envoltos numa nuvem de misticismo e secretismo que guardam consigo, na maior profundidade da alma, o enigma daquilo que sentimos. As palavras profanam a virtude da realidade. O amor não deve ser falado. O sorriso - que se desenha nos meus olhos sempre que te vêem - que falem por mim. E que renasçam a cada momento que em ti deixar cair o meu olhar. Um dia saberás entender a minha linguagem e, quiçá, eu a tua.

Afonso Arribança

1 comentário:

Anónimo disse...

Que sensibilidade! ótimo!