segunda-feira, 11 de novembro de 2013


"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos.)"
Ricardo Reis


7 de Novembro de 2013

     A noite caiu sobre a cidade, como quando o pano cai sobre o palco. Enegreceu-se, por conseguinte, a brisa fria de Novembro que corre às margens do Tejo.
    Sinto-me impelido por forças estranhas a experimentar toda a realidade de acordo com a cor pela qual se fez pintar. Na verdade, qualquer ser humano minimamente sensível se deixa absorver pela atmosfera que o rodeia, senso a noite a mais influente de todas. Leva-nos ao encontro da nossa própria negridão, ao encontro das nossas falhas ou do que nos falha. Podemos, de facto, viver felizes com essas mesmas limitações, o que não implica que deixem de existir. Sob determinadas condições, em determinadas circunstâncias, tornam-se conscientemente vivas e determinam-nos, de forma imparável, o sentimento de falta ou incompletude.
    Fez-se noite sobre a cidade e sobre a minha alma. Fui ao encontro das minhas próprias limitações e dei-me conta de que, passe o tempo que passar, minta a mim próprio quantas vezes quiser, a verdade é uma e só minha. A que me fazes, invariável e indubitavelmente, a maior falta que alguma vez senti de algo ou de alguém nesta vida. Sempre teu,

Afonso Arribança

1 comentário:

Anónimo disse...

Afonso espero que estejas bem, um grande abraço! -G.