"Eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor."
Vinícius de Moraes
Dia 5 - 28 de Março de 2012
(19h04)
Abro o caderno de apontamentos. Apetece-me escrever sobre o amor.
Faço parágrafo. Quero descrever o vazio que me completa, a solidão que me acompanha, mas é-me impossível. O amor e eu não lidamos bem e sempre que sobre ele escrevo em conjunto, acabo por ficar de caneta na mão, a escrevê-lo sozinho. Estou seriamente convicto de que, futuramente, me entregarei a uma completa abjuração sentimental, a par de uma sincrónica e pragmática rotina. Porque, definitivamente, eu e o amor não lidamos bem um com o outro.
Não vou escrever nada, então.
Fecho o caderno de apontamentos.
Afonso Costa
6 comentários:
houve uma vez que quiz escrever algo sobre alguém de quem gostava muito mas não estava a dar certo e a primeira coisa que escrevi: 'Exteriorizas o pior que tenho em mim'
E o que conclui foi que o amor ás vezes é assim exterioriza o pior de nós!
é danado, esse tal de amor. lixado de se escrever sobre exactamente por ser o que é: amor. gostei muito *
eu também deixei de conseguir escrever sobre o amor na sua magnífica e bela apaixonante complexidade. espero um dia voltar a escrever dele, porque tenho saudades e de tudo que ele torna em mim possível.
estarei cá para ler-te (como sempre) quando o voltares a fazer! ,)
amigo, já tens faceboock?
um abraço
É curioso que muitas vezes temos um milhão de coisas para dizer mas faltam palavras, parece que são tantos sentimentos que obstruem o buraco de saída.
Muito simples e tocante o texto.
(pegas na mão.)
tenta o mar. a areia é-te a tina. o céu a folha. molhas o grão no mar e começas a escrever sobre o amor.
(sempre de mão dada.)
sabes que quando adequamos o tamanho, as coisas fluem melhor. e a dimensão deste horizonte é o mais perto do amor que conseguimos.
(só dão a mão. não podemos apertar muito.)
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