sábado, 10 de setembro de 2011


"Compreendemos mal o mundo e depois dizemos que ele nos decepciona."
Rabindranath Tagore


    Inspira. Expira. Cerra os lábios. Chama-a pelo nome. Diz-lhe que, reminiscências à parte, a vida faz-se do presente e enquanto esse não renascer, o passado corre o risco de morrer afogado ante as cordas partidas do cais de onde partiste. Não sei se morreste afogada ou se simplesmente chegaste a bom porto, pois que o dele nunca foi senão um poço de tempestades que pouco podias suportar. O peso de um mundo que é complexo, que é dele, que se prendia por cordões ao teu corpo, lascava as tuas costas e brandia-te. Desnorteada, levava-te para o triste fado da incompreensão que, de ti sobre ele, sobre o seu mundo, não era senão chicotes de cabedal e camurça sobre o seu peito a sangrar. Enfim. Que partas, perdoada, mas não esquecida, para o cais que te dê alimento de paz e segurança que o dele é vento de mudança, mundo e universo ao mesmo tempo e não são, decerto, terras para senhoras vaguearem por muito tempo. Inspira.
    Expira.

Afonso Costa

5 comentários:

Francisca. disse...

Adorei, Afonso ! :)

m. disse...

gosto muito :)

kirah disse...

E comece tudo de novo, mas diferente...

Lipincot Surley disse...

Bonito :)
Gostei também da banda sonora, bom gosto ;)

Anónimo disse...

Novamente, sem ter a ver com esta entrada específica. "Mais um selo pá".