Aquele olhar como um acender de um fósforo: intenso, curto, fugaz, não obstante, de insistente permanência na memória de quem sente por inteiro. Um olhar que se abraça às mãos entrelaçadas numa nostalgia dolorosa de um futuro que não se cumpriu. Às vezes o que era para ser nada foge-nos das mãos para se tornar tudo e nos lembrar que a natureza não se controla.
E então gastam-se as palavras, de tão sem-destino que são, para se entrar no vácuo sem esperança nem sentido. Viras as costas ao que sentes, porque também sentes que não pertences ali.
E é quando a mão atrás de ti te agarra no braço para que não lhe fujas que te lembras que quem sente por inteiro não tem lugar num mundo de metades.
Afonso Arribança
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