quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


"O mais tolo de todos os erros ocorre quando jovens inteligentes acreditam perder a originalidade ao reconhecer a verdade já reconhecida por outros."
Johann Goethe



    A sociedade procura manter a normalidade. O padrão. Mas hoje em dia ouve-se falar da procura da diferença, daquilo que foge ao normal. “Sê Diferente. Não caias na Normalidade”, dizem. Efectivamente, o “anormal” começa a ser hoje, cada vez mais, a banalidade. Hábitos ordinários provocam a repulsa daqueles que querem ousar ser diferentes dos seus pais, das figuras que os atormentaram. E por identificação contrária aos seus modelos significativos – os pais, a escola, a cultura –, afastam-se do padrão.
    Isto não acontece porque é fixe. Nem porque os outros também o fazem. Como dizia uma delas, quando defendia a sua forma extravagante de vestir: “Visto-me assim porque esta forma de vestir é o meu eu”, como se na ausência de mundo interior, o importante seja mesmo procurar ser algo exteriormente. De facto, procurar algo externamente, no mundo concreto, assume-se, aparentemente, mais forte do que procurar algo internamente, no mundo subjectivo. Porque externamente podemos mostrar aos outros. Pois, Mostrar (aos Outros).
    E assim vai a sociedade. É desta procura que vive esta nova vaga de aventureiros da diferença: da carência de atenção. Da revolta contra o tédio psicológico a que se submeteram. No fundo, todos somos banais. Ninguém é diferente por aquilo que procura ser. Diferente acaba por ser aquele que mantém a sua essência desde a primeira vez que respirou.

Afonso Arribança

3 comentários:

João de Lalanda Frazão disse...

Interessante correlação entre o espaço psicológico e o material, diria.
Por um lado, a expressão física da singularidade mental de cada um de nós pode ser entendida como a transposição dum eu psicológico e subjectivo para o eu social que é dado conhecido à sociedade. Por outro, como uma frustrante busca por atenção pra suprir essas necessidades cada vez mais largas.
Então, sou obrigado a discordar e concordar, simultaneamente. A necessidade de se auto-expôr pode então ser observada pelo prisma negativo, o qual preconiza uma sociedade carente em afectos, indiciando uma grave crise de valores.
Por outro, pode sublinhar a potencialidade da correlação eu-sociedade, evidenciando o modo, tanto como a sociedade nos condiciona a nós, como nós moldamos a sociedade. Uma forma de vestir, um gesto público ou expressões sociais, mais que um suprimento de necessidades, são potenciais instrumentos de reforma social. Os mais poderosos, diria eu.

Moonlight disse...

Concordo!
Diferentes são aqueles que continuam a ser eles propios desde sempre.
Nunca se consegue ser diferente só porque queremos...isso nasce conosco simplesmente.

Bj com luar

Mariana Neves disse...

Concordo plenamente contigo Afonso :) Ser diferente é a ordem do dia, mas o "diferente" que se fala é igual ao de todos.
letsmaketeanotwar.blogspot.com