segunda-feira, 2 de abril de 2012


"A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão."
Mário Quintana


Dia 1 - 24 de Março de 2012

    De noite, a praia exprime-se trágica, onde só os sentidos poderão firmar-se. A negridão do espaço permite à alma sentir a pacífica sincronia do rebentamento das ondas e concede o poder de sentir mais intensamente o odor do mar. O vento está calmo, mas ainda é capaz de fazer a maresia tocar-me na pele. Levo as mãos à cara e sinto o sal na cara. Os olhos nada vêem, abrindo caminho ao coração para sentir. De noite, a praia limita o número de sentidos humanos ao mesmo tempo que intensifica alguns deles. Nesta serena dança de sons, toques e cheiros, perco-me na busca por sentidos e permito-me ser frágil por momentos. Longe daqui, a sociedade espera e exige que eu seja forte, como a qualquer outro ser humano. De facto, deveria ser da condição humana buscar dentro de cada um, a nossa própria força - é isso que nos é ensinado a fazer. Agora, no entanto, sinto necessidade de encontrar essa força nos braços de alguém. De ti. E é quando dirijo o meu olhar para as estrelas que tenho a certeza disso. Escondida no meio de milhões, está a minha constelação. São cinco estrelas e um dia prometi oferecer cada uma delas às pessoas mais importantes da minha vida. Dirijo-me a uma delas e murmuro - baixinho, para não te acordar - que me és muito importante. Essa estrela é tua e é olhando para ela que me sinto, repentinamente, abraçado pela tua presença. Absolutamente mágico.

P.S.: As próximas 7 publicações dirão respeito aos 7 dias da minha viagem, a relatos que fui escrevendo, pensamentos que fui passando para o papel enquanto viajava exterior e interiormente.

Afonso Costa

1 comentário:

Daniel C.da Silva disse...

Olá Afonso!

"De facto, deveria ser da condição humana buscar dentro de cada um, a nossa própria força - é isso que nos é ensinado a fazer. Agora, no entanto, sinto necessidade de encontrar essa força nos braços de alguém." -

Isto é muito mais generalizado do que pensas, e quem assim não sente, por certo não é humanao, mas adorei este delicadeza e poesia assim:

" São cinco estrelas e um dia prometi oferecer cada uma delas às pessoas mais importantes da minha vida".

És belo!

UM abraço lá longe de uma constelação que não vês mas que existe :)