sábado, 29 de outubro de 2011


"O grande homem é aquele que não perdeu a candura da sua infância."
Provérbio chinês


    Permanecer criança para sempre significa recusar assinar um contrato de estupidez crónica eterna. Os 'adultos' padecem, certamente, desta patologia pois enganam-se sempre a si próprios ao pensar que sabem demais e, paradoxalmente à sua teoria da sabedoria, sofrem ainda de preocupação crónica. Dever-se-iam preocupar, sendo eles adultos, sabendo eles tudo ou quase tudo acerca da vida? É, de todo, inquestionável o facto comprovado de que, com o avançar da idade, se vão perdendo competências, entre as quais a capacidade de raciocínio. Aliando a isto, o facto de se saber que, com a idade, e com a consequente perda de capacidades, aumenta consideravelmente a necessidade de segurança, de identidade e de afirmação, pelo que a arrogância e "mania da razão" dos adultos e dos mais velhos se prendem tão somente com este entrelaçar de factos inconvenientes. É, por certo, de maior inteligência mantermo-nos de pés assentes no chão, mas preservando aquilo que de melhor herdámos da nossa infância. Os sonhos, a luta pelo que realmente desejamos, mesmo que nos pareça impossível alcançar, e essencialmente, a flexibilidade e a mente aberta.
    Manter-me criança é manter-me seguro de mim e daquilo em que acredito. E sabes que mais? Tenho conseguido.

Afonso Costa

3 comentários:

paula disse...

Ter a realidade nua e crua debaixo dos pés e ainda assim ter a ousadia de sonhar e lutar pelos sonhos.

Anónimo disse...

Ficarmos crianças sempre é das melhores coisas que fazemos. *

Anónimo disse...

Eu também sinto isso. No entanto, acho, sobretudo, que a infantilidade necessária à grandeza de alma é o desplante pelo desejo. Isto é, a fidelidade a nós próprios. A recusa da vergonha daquilo que gostamos e a espontaneidade da diversão. Por norma, todas as crianças gostam de brincar, sonhar... têm todo um mundo de cores, desenvolver a imaginação. Muitas pessoas, com o avanço da idade, começam a colocar isso de lado e, sobretudo, a ridicularizá-lo. Ridículo é, a meu ver, abandonarmos quem somos para nos tornarmos num padrão arrogante, "frio", por assim dizer, incolor e sem fundamento lógico.