“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.”
Mahatma Gandhi
Começo o parágrafo com uma pergunta: existirá melhor altura para reflectir sobre quem fomos, quem somos e quem queremos ser que nesta altura do ano?
Faço-vos pensar com um segundo parágrafo em que vos questiono na base das nossas semelhanças enquanto seres humanos: Quantos assuntos pendentes temos por culminar, acorrentados ao medo ou à preguiça? Quantas atitudes obtusas temos por via da injecção de preconceitos que a sociedade nos fez (e que insistimos em ignorar, argumentando e defendendo as atitudes com base nos "fortes valores" que temos)? Quantas vezes mentimos para evitar uma situação e arrastamos a verdade como se arrastássemos a nossos dedos dos pés toneladas de ferro atrás? E quantas vezes nos queixamos da vida, acorrentados aos sentimentos negativos acerca da mesma que criamos e que cultivamos com base no hábito e na falta de iniciativa para aceitarmos que podemos mudar-NOS e à nossa realidade? É fácil ser-se inteligente e entrar pelo caminho mais fácil ou mais rápido, é fácil ser-se poeta e escritor de vagas ou sentidas palavras, é fácil ser-se pintor de obras de arte e é demasiado fácil responder à mais difícil das perguntas matemáticas, físicas ou químicas. É, sim, difícil contrariar o nosso lado não-racional e por isso mesmo, aquele que de certo modo está ao relento e sujeito às nossas maiores fraquezas. Por outro lado, a racionalidade e a inteligência a si relacionada (caso exista) é pragmática e fácil de uso; foi-nos dada como presente. Treinemo-la e usemo-la para libertarmos algumas das correntes a que nos escravizámos.
Termino, por fim, e com algum sentido estético e sentimental que poderá mexer ou não connosco de acordo com aquilo que de comum encontramos nas respostas a estas questões, com um terceiro parágrafo-questão: Já nos perguntámos a nós enquanto seres vivos integrados nesta pútrida sociedade de quantos preceitos e conceitos, "verdades" e defeitos - nos quais se incluem o mísero orgulho abraçado à teimosia e à vontade de afirmação - estamos presos e acorrentados?
São perguntas estas que faço agora para que sejam respostas as que de seguida procuraremos obter...
Afonso Costa
9 comentários:
esta lindo :o
dá que pensar Afonso *
Algumas das perguntas que deixas no ar costumo fazê-las todas os anos e outras faço-as várias vezes no ano. :)
Feliz Natal e excelente 2011.
Beijinhos
Afonso, os teus posts são sempre todos tão cheios de tudo, que se torna difícil separar os teus temas mais recorrentes ou as tuas questões mais prementes e sempre eternas! No entanto, escreves com a boca, com coração e contigo todo. Num mundo eivado de preconceitos, medos, reclusões, incertezas e indiferença, provavelmente sim, todos estamos acorrentados, para o bem e para o mal...
Somos seres relacionais e isso dificulta sermos inteiramente livres. Mas é nesse entretenpo, nesse intervalo da nossa mente que fervilha e dos nossos afectos que se insurgem contra tudo, que temos de lutar e resistir para sermos nós mesmos...
Tens, de facto, belos posts.
Desejo-te, Afonso, um Natal feliz, calmo, com paz, independentemente da concepção que tenhas dele.
Um abraçoooooooooo ;)
Lobinho
Pego num Nocturno de Chopin.
Tento - ainda que possa parecer difícil - misturá-lo com o silêncio daqueles sonhos que se atrevem a desafiar a racionalidade.
...E, então, sou surpreendido pela mais concreta evidência: por muito que não o queiramos admitir, o facto é que estamos presos e acorrentados. Não sei muito bem como reagir a esta constatação, mas, em todo o caso, a verdade é que ela não me agrada.
Que fazer?... Rasgar os vínculos quase sempre imperceptíveis? Armadilhar por dentro a estrutura deste vazio em que nos movimentamos?
São demasiadas questões para o tempo que a vida concede!...
Feliz Ano Novo 2011.
Sinceramente nunca tinha aplanado sobre este blog e hoje devo dizer "Com muita pena minha". Gostei imenso do que li e adoro a forma como esta' delineado a formatação do blog, uma frase, uma imagem, um texto ! tudo tao bem estudado e intercalado entre si.
Este texto, é realmente bastante pertinente e as perguntas retóricas fazem todo o sentido!
Adorei e sigo !
Beijinho Afonso :)
"É, sim, difícil contrariar o nosso lado não-racional e por isso mesmo, aquele que de certo modo está ao relento e sujeito às nossas maiores fraquezas." e é exactamente isso que estou sempre a dizer. as pessoas deixam-se ir com a corrente, e nem se atrevem para ir contra (mesmo que hajam imensas razoes para isso). escrevi à uns dias um texto sobre isso. *
este blog é quase tão magnifico do que uma viagem autentica. parabéns :)
mais um ano que passou, em que eu o sigo, e mais um ano em que este é o meu blog preferido de sempre.
Adorei!
Parabéns pelo blog!
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