segunda-feira, 15 de novembro de 2010


"My mama always said: life is like a box of chocolates. You never know what you're gonna get.”
in 'Forrest Gump'


Ia fazer-vos uma pergunta. Mas recuei na intenção. Não o farei, e não o farei por um simples motivo. Há-de haver momentos na vossa vida em que se deparam com uma situação que cria pontos de interrogação em cada vértice da mesma. Não porque é algo complexo, mas porque nós, enquanto seres humanos, complexificamos demais as coisas - por vezes penso que tenho a capacidade de as simplificar, mas é totalmente mentira -, e acabamos por colocar as perguntas e não querer saber as respostas às mesmas. Fechamos o cérebro a sete chaves, limitamo-nos a continuar a vida e rezamos a todos os deuses e mais alguns para que ninguém saiba a resposta às dúvidas que, ignorantemente colocámos. Porquê? Porque somos humanos, e ser humano dói.  E  porque, por vezes, o simples facto da última gota ter caído cansa-nos e dá-nos vontade de ignorar a situação. Prontamente, vocês poderiam dar-me a resposta que eu (não) quero, por isso eu não a vou pedir. Vou limitar-me a perguntar-vos algo cuja resposta não me vai afectar negativamente, bem pelo contrário. Já alguma vez se desiludiram por uma pessoa por quem punham a mão no fogo? Alguém que mudou tanto (mudou mesmo, não se revelou, como por vezes acontece!) que, de pessoa de confiança e segurança que outrora transmitia, se foi tornando cada vez mais, com o passar do tempo, num simples... "estranho"?

Afonso Costa

10 comentários:

Catarina Bessa disse...

Está LINDO!

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Já me aconteceu, e muito recentemente, como me foi acontecendo algumas vezes durante a vida. Não digo que a solução seja deixar de confiar nas pessoas, porque, no fundo, é por elas que nos mantemos vivos, maxime porque são elas que nos transmitem e até revelam aquilo que somos. Já pensei e cheguei à conclusão que as pessoas usam capas e desenhos mentais com medo de ser quem são. Quando as começamos a descobrir mais e mais percebemos a densidade do colapso de realidade que são. E, algumas, mudam, por começarem a ser, em si mesmas, o que já eram. Usam aquilo que chamo de "máscaras". Álvaro de Campos escreveu um poema sobre isso. E é ele que me acompanha para todo o lado. É a verdadeira personalidade que, em cada relação, devemos querer ver. É isso que me prometo, a mim mesmo, desde que apanhei a minha primeira grande desilusão. Poderás perguntar: "Mas, Luís, se apanhaste outras tantas talvez não seja outro o caminho?". Responder-te-ei que as pessoas que mais amo tinham uma personalidade incrível por de baixo da capa. É por essas que me apaixonei. E foi assim cresci.

Adorei, liricamente falando, a conclusão que "Ser humano dói". E de facto é verdade. Tudo porque sentir custa e vais sofrer. Não é fácil sentir e pensar de mais nos sentimentos.

Abraço,
Luís

C. disse...

apaixono-me irremediavelmente pelo difícil. caiu nos braços daqueles cuj’alma é demasiado grande para o corpo em que habita. entrego-me eternamente àqueles cujas acções não sei, de antemão, de cor, quais didascálicas de uma qualquer peça de teatro. e cada vez que me entrego a alguém ao abrigo da libertinagem, sofro. caso-me. consumo-me. morro.
é uma morte lenta e dolorosa, uma morte lenta e dolorosa. é inútil tentar eufemizar o pânico de pensar que perdi quem amo (e perco todos os dias um bocado mais) por amor à posse. dói-me, afonso, dói-me tanto

Mariana Neves disse...

a mudança é o segundo nome da vida. boa ou má acontece sempre.

disse...

já me aconteceu e ainda hoje não consigo perceber como de tão íntima passou a estranha. deve ser um qualquer limiar ténue que às vezes não vêem e no qual tropeçam.

Anónimo disse...

a maior parte do texto resume-se à tua grande frase "ser humano dói".
raramente gosto de mudanças, mas tenho de admitir que também mudei. todos mudamos, é inevitável.
gostei do texto (:

paula disse...

'Deixa o mundo girar'

Eu cada vez acho mais que há coisas que acontecem sem qualquer motivo ou razão só porque sim. Seja porque vais dar um caminho mais longo até casa ou porque te apetece outra coisa. As amizades são parecidas. Sim, as pessoas não são objectos é certo mas nós mudamos de uma forma tão inevitável que se a amizade não é forte o suficiente acaba por ficar esquecida e talvez já não faça sentido porque talvez nós mudamos os nossos objectivos de vida mudamos o mundo que vemos já não é o mesmo. E acabamos por nos conhecer mas ver-nos como estranhos aos olhos da outra pessoa e vice-versa.

p.s - para as nossas perguntas e para os nossos problemas só nós conseguimos a solução perfeita e não a de mais ninguém por muito correcta e perfeita que esteja.

Jane disse...

infelizmente já. uma pessoa que considerava como irma, que dei tudo mas tudo por ela, disse o que nunca disse a ninguem e fiz o que tambem nao fiz por ninguem.
agora, nem falamos, melhor, mal falamos.
mas habituei-me, e o tempo ajuda. conclusao, agora até estou melhor, nao era a pessoa que eu pensava, penso que foi melhor assim

olha adoro o teu blog, musica....
tudo.
beijo

AF disse...

Sim.

qel disse...

infelizmente sim, já.. and i'ts a pain in the ass. Mas olha, deve ser "porque quando amamos, gritamos, quando gritamos, fightamos, quando fightamos choramos porque somos humanos" *