quarta-feira, 11 de novembro de 2009


"Posso resistir a tudo, menos à tentação."
Oscar Wilde



[Imagem: Google]

A debilidade emocional do ser humano enaltece-lhe, desde sempre, uma beleza de incontornáveis proporções. Todo o seu corpo abraçava cordialmente o momento, sem ceder a tentações. Ambos esqueciam a velha luxúria, aquele vulgar sussurrar da confraria social, que não se impunha naquela terna viagem, envolta de um convulso mar de sensações. Uma rusga de apreensão, engolir em seco… Eis que o tempo havia parado, há momentos atrás. As mãos agitavam-se, a tensão aumentava e fluidos internos rebelavam-se contra toda e qualquer racionalidade, inexistência que deu lugar à circulação das hormonas e à libertação daquele animal que em todos se esconde. No escuro, sobressaía a tez das suas faces, levemente iluminadas pela luz de lá de fora, pelos candeeiros altos da rua que àquela hora apenas ouvia a chuva cair, incessante, ampliando todo o clima daquele momento. A mesma luz pouca visibilidade dava ao suor que, da cáustica tensão, surgia das faces de cada um. As peles em contacto, porém, absorviam toda a fogosidade do ensejo, e os seus corpos consumiam-se em leves toques, ansiando por mais, ou talvez querendo, em vão, resistir. Mas no clímax do momento, a afeição dos dois corpos e das duas faces dá-se, lábios a lábios, devorando preceitos quaisquer. Envoltos em ternura, buscavam a eternidade do afecto, e era como lavar a alma de meses de sufoco interno.

18 comentários:

maria eduarda disse...

acabei de o ler, e continuo encantada com tudo o que escreves. portanto , continua por favor :D cá estarei de novo quando houver um novo texto para eu devorar com os olhos.
um beijinho , mia :)

paula disse...

Absolutamente e cativante.

e gostei da maneira como escreveste ou exposeste este momento =)

Lua disse...

Entregar-se ao que desejamos nos faz um bem tão enorme!

beijos ;D

Anónimo disse...

As palavras "amor", "ternura", "carinho"... não são as mais belas do mundo?

R. Branco disse...

Esse final Afonso, Gosh! Acho que te consigo entender :)

Heduardo Kiesse disse...

uau!!!


:-)


beijos

Ck disse...

o texto por si só diz tudo *

rafaela veiga disse...

Que texto lindo... lindo.

Oh sofrimento, sim, muito sofrimento. Mas vai passar

miminhos*

S* disse...

Há uma pessoa há qual não resisto...

qel disse...

«Mas no clímax do momento, a afeição dos dois corpos e das duas faces dá-se, lábios a lábios, devorando preceitos quaisquer».

chegar a esta parte do teu texto ao minuto 1.45 desta maravilhosa música é qualquer coisa. Rendi-me à tentação. *

. disse...

=') eu partilho a mesma sensação da "Qel". Esta musica, este texto...
Encantador!

Andreia disse...

Eu também não resisto! *

Anónimo disse...

Muito bonito! Parabéns!

Beijocas

Mary disse...

É a primeira vez (de muitas!)que aqui passo, e estou fascinada, com a tua escrita. Parabens e continua.
vou seguir*
beijinho*

Inês disse...

Afonso... cá me tens de volta ao blog :)
Com muitas saudades de "te" ler! E como sempre, um texto fantástico...

Beijinho grande <3

Dianne disse...

Vale a pena, resistir á tentação?

Esses teus textos :)

Alexandra disse...

E como é bom lavar a alma de meses de sufoco interno :) Maravilhoso como sempre e obrigada pelo teu último comentário no meu blog, deu que pensar :) *

al disse...

amei este texto afonso. (:

oh, oscar wilde..! ele é que a sabe toda :P

beijinho *