quinta-feira, 10 de setembro de 2009


Alheio ao mundo que o cingia, este Homem do Passado não cedia à atenção que o cão lhe exigia, permanecendo de pernas firmes e corpo fixo sem ceder ao vento que por ali passava, preso nos pensamentos que percorriam a sua mente. Rei do tempo e da sabedoria, aparentava ser um mendigo da vida real. Talvez um velho soldado da guerra colonial – dias de luta, tempos de glória –, talvez um esquecido, não obstante, corajoso guerreiro do vinte e cinco de Abril – porque desde a pré-história que existem talentos pouco valorizados, histórias 'olvidadas', gestos sem reconhecimento –, ou talvez um mero e grande, mesmo assim, trabalhador de uma vida inteira – alguém que deu a vida ao trabalho em prol da família, ou de uma vida ambiciosa que poucos frutos lhe deu. Uma vida realizada ou uma inútil caminhada sem destino? Em que pensava este Senhor do passado, alheio ao mundo que o cingia?

Foto: Porto Brandão, Agosto de 2008

7 comentários:

Rumo das palavras disse...

Fabuloso Afonso, um beijinho.

. disse...

Foto fantástica assim como o texto! Muito bom! +.+

Anónimo disse...

está fantástico Afonso!

Quem quer saber? disse...

Olá ^-^

Hoje decidi comentar o seu blog.

Não é a primeira vez que o leio. Já pensei em comentar mais cedo, mas por vezes fico sem saber o que dizer...
Deixe me desde já dizer-lhe, se me permite é claro, que tira umas fotografias FANTÁSTICAS. E, como se não bastasse, ainda consegue utiliza-las como fonte de imaginação para escrever os seus maravilhosos post's.

Não percebo muito de escrita mas acho que escreve muitíssimo bem (pelo menos, consegue mostrar o que sente realmente quando escreve,e expressa-se muito bem, na minha opinião)...

Em relação à última actualização, mais uma vez repito, achei genial conseguir conciliar a fotografia com a escrita.

(Peço desculpa pelo tamanho do comentário e corrija-me se estiver errada)

**

[ rod ] ® disse...

O homem que requeres morreu na sua santa sabedoria... fugiu da inoperância corretiva... do "latido" dessa vida insana.

Abs meu caro,







dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

Daniel C.da Silva disse...

Gosto da foto e da originalidade do texto.

grande abraço

André disse...

Talvez seja este o lugar onde os sonhos e o rio se conjugam na periferia da memória. Aqui, junto ao paredão, alheio ao próprio silêncio, o homem vem em busca das recordações que o aprisionaram no brevíssimo labirinto da adolescência, quando ainda lhe era possível delinear a geometria do futuro. Antes da solidão lhe condicionar os gestos e a alegria.

O cão, esse, limita-se a aguardar. Provavelmente porque "sabe" que não pode seguir o homem nesta viagem pelos atalhos do pensamento.