quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


"O objectivo fundamental dos sonhos não é o sucesso, mas livrar-nos do fantasma do conformismo."
Augusto Cury


    Violei os princípios inerentes à minha personalidade: acomodei-me a ti, tédio. Acomodei-me à vida e ao que ela me traz. Deixei o vento, o mar e as etéreas sensações que consumia na promiscuidade dos afazeres, na renúncia à rotina, que hoje me alimenta. A rotina e tu... Tédio. Alimentas-me. Dás-me de sustento. O sustento da minha irritabilidade e abonançosa raiva... Raiva de ti, tédio. Do tempo que te pariu depois que, enfermo, se entregou ao abismo da conformidade. Mas eu não me conformo, nem com a inutilidade nem com o nada que nos atormenta a alma das vezes que speramos pela vida. Disponho a minha raiva à líbido descontrolada na ânsia de te violar, tédio, e estuprar sem misericórdia. Há quem se alimente do tédio uma vida inteira, eu consumo-o na chama intensa do ardor que provoca em mim. Acresce, pois, a vontade de voltar a voar sem destino, sem razão, na eminente procura de novas e fortes sensações. Na renúncia ao tédio, ao conformismo. Oh... Pudesse eu partir amanhã...

Afonso Costa

1 comentário:

Fipa. disse...

No outro dia estava chateada, não com ninguém ou algo em particular, com nada e ao mesmo tempo com tudo.
Porque só nos damos conta que aceitámos e nos deixámos cair no conformismo, quando temos tempo para pensar nele, irrita e há uma vontade imensa de o contrariar. Na verdade é quase inevitável. Enfim.
Expressas bem o que te passa na cabeça, sem parecer demasiado confuso. Gostei.