quarta-feira, 5 de agosto de 2009


E hoje acordei ao som do vento, ao sabor da inóspita sensação de solidão. O sol nascia irradiando uma terra varrida de gente e imundices, não se ouvia um pio, um ai. O nada sobrevoava de mãos dadas com as poucas nuvens que iam passando pelo céu. A terra estava seca e a erva ainda rodeava, verde-vivo ao redor das casas vazias. O mundo estava em paz, e só eu restava para poder apreciar a verdadeira beleza que me rodeava, a beleza que eu evitava ver no meu dia-a-dia. De coração palpitante na mão, gritei e atirei palavras ao vazio. Eram palavras de amor, mas o vento levou-as. Eu estava sozinho naquela terra.



"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."

Ricardo Reis.

17 comentários:

Jessica disse...

Obrigada, muito obrigada pelo comentário :)

A Coração disse...

O vento leva sempre as palavras de amor, mas o amor fica, não é?

Mara disse...

As tuas fotos abismam-me sempre.
As tuas descrições e o teu amor também. Hoje gostei (ainda) do trecho de Ricardo Reis que escolheste*

Por entre o luar disse...

Quando existe amor verdadeiro, o mundo pára, a brisa conforta, o sentimento abafa tudo o resto...* Até os actos mais simples nos satisfazem, as vontades partilham-se, os sorrisos fundem-se e o brilho no olhar é reciproco de ambos os lados...***

BeijinhoOos

OpálaSpirit disse...

Também me sinto assim,por vezes a solidão trás-nos muitos outros sentimentos... que nos desfalecem(isto diz-se?).
Gosto imenso do teu blog, o meu é do sapo, se quiseres dá um pulinho lá! opalaspirit.blogs.sapo.pt

U disse...

E continuo a adorar a tua escrita descritiva.
Nunca estamos sozinhos, somos tantos, nhe *

Afonso Arribança disse...

são apenas dias... :)
Mas esta solidão foi uma escolha ;)

OpálaSpirit disse...

Pois, na vida temos que fazer escolhas e por vezes desistir torna-se a unica hipótese. :S

Brid disse...

Onde tiraste essa foto? :O Tão linda ^^

Espero que esteja tudo bem contigo :) Continuo a adorar os teus pequenos textos eheh

Beijinhos*

al disse...

lindo (: *

Marilena R. disse...

Gostei tanto +.+

Afonso Arribança disse...

ah e para esclarecer por fim, as imagens são praticamente todas fotos tiradas por mim, a não ser que tenham indicação "google" ou "deviantart", etc. Se por acaso não é minha, e não tem local de origem, então foi porque me esqueci de colocar. :x

Obrigado pelos comentários

Sofia Alves disse...

Olá!
Gostei de ler este texto e da forma como encaixas-te o excerto de Ricardo Reis!
Parece-me um texto bastante profundo... Tantas vezes nos sentimos sozinhos no meio da multidão...

Bjs!

SA

Laura Matos disse...

Como eu amo este texto Afonso .
Está simplesmente Lindo :')
(como sempre a tua maneira de escrever deixa-me com um brilho nos olhos, um brilho esquesito)

Porcelain disse...

É tão bom estar só... :)

Anónimo disse...

Na face real do amor, das carícias – e isto desde Ricardo Reis e Lídia, a Simão e Teresa – a captação visual da vida humana é a mais importante para amar. Daí os invisuais imaginarem. Quando se escreve não se é somente visual como invisual, concreto como abstracto, imaginário como real, maravilhoso como espantoso. E há sempre o real como a verdade: «Um Outro Lado» nosso também, é sempre um conjunto de silêncios e de palavra que terminam viçosamente representadas por objectos palpáveis e palavras inalcançáveis.

Óptima escrita, óptimo pensamento, óptimo sentimento.)

Parabéns Afonso.

Rachel disse...

Parabéns Afonso , está muito profundo , o teu "desabafo" . Realmente é muito bom estarmos sozinhos e pensar , reflectir .. Senti muito sentimento , e sobretudo ainda muito "para dar" , nas tuas palavras . Estarei certa ?

fica bem*